
Este estudo reflecte sobre a doença religiosa tal como é concebida pelos produtores e consumidores implicados nos processos terapêuticos preconizados por um tipo de medicina tradicional, não empírica. Descreve o que se passa e o que pensam os agentes sociais implicados neste processo de cura. Fala-se da noção de doença e de cura, no contexto mágico-religioso, das razões que levam os indivíduos a procurar estes modos de curar; das explicações para a etiologia das doenças; 1) o mal de mortos (espíritos, almas penados, diabo, coisas ruins) e, 2) o mal de vivos (mau olhado, feitiços, bruxedos e pragas) e ainda a forma e fórmulas de as curar; da curandeira, do seu poder, do seu dom, dos seus guias, diagnósticos e formas de tratamento, dos locais de trabalho, etc. A autora verifica que num sincretismo religioso procura-se em simultâneo a curandeira, o médico, o santo, e o padre, sem contradição interna, nem sobressalto de transgressão ou traição a nenhum dos dogmas.